…e somos de repente uns falsos acordados.
Cecília Meireles
Cecília Meireles
Platão e Aristóteles diziam que a filosofia se inicia com o espanto, que o pensamento se instaura a partir de uma admiração ou surpresa que desarranja nossa visão de mundo e nos impele a reelaborá-la. Posto em xeque o universo dentro do qual sempre vivemos, somos conduzidos, segundo eles, ao caminho da reflexão, como quem busca reavaliar os marcos que balizam as fronteiras do próprio espírito.
É uma empreitada árdua, ninguém há de negar. Muito mais fácil é lançar sob o tapete, tentando abafar com o esquecimento, uma experiência que aponta para o novo, para algo que nunca antes havíamos considerado, para a necessidade de abandonar a zona de conforto que tradicionalmente nos protegeu e, exatamente por isso, nos impediu de crescer. Muito mais fácil é não correr riscos, abrigar-se no discurso do medo e do cuidado, quando precisa-se de coragem para a ruptura.
A verdade é que estamos conformados e, pior, perdemos a abertura para buscar novas formas. Andamos muito comodistas, satisfeitos com as vidinhas que temos e com as fabulações que tomamos por idéias. Se o espanto é realmente a origem da filosofia, como dizem os antigos, não é à toa que vivemos numa época em que se pensa tão pouco. Nada nos comove. Nada nos espanta mais. É de estarrecer.
É uma empreitada árdua, ninguém há de negar. Muito mais fácil é lançar sob o tapete, tentando abafar com o esquecimento, uma experiência que aponta para o novo, para algo que nunca antes havíamos considerado, para a necessidade de abandonar a zona de conforto que tradicionalmente nos protegeu e, exatamente por isso, nos impediu de crescer. Muito mais fácil é não correr riscos, abrigar-se no discurso do medo e do cuidado, quando precisa-se de coragem para a ruptura.
A verdade é que estamos conformados e, pior, perdemos a abertura para buscar novas formas. Andamos muito comodistas, satisfeitos com as vidinhas que temos e com as fabulações que tomamos por idéias. Se o espanto é realmente a origem da filosofia, como dizem os antigos, não é à toa que vivemos numa época em que se pensa tão pouco. Nada nos comove. Nada nos espanta mais. É de estarrecer.
"Em grego, meninos, em grego e em verso, que é melhor que a nossa língua e a prosa do nosso tempo". (Machado de Assis, "Esaú e Jacó")
ResponderExcluirepiméleia!
elpís!
Janaína.
Nada nos espanta, nada nos comove
ResponderExcluirTudo é trivial. Nosso sangue corre por todas as nossas veias, mas para nós, é trivial.
As flores se abrem, o tempo muda; trivial.
Barrigas crescem, desabrocham;
Pais morrem no asfalto; trivial.
Nem amamos mais, mas tudo bem, trivialidades.
Não precisamos de rupturas, nossas mudanças são imperceptíveis, mornas, triviais.
Nem altos nem baixos,
nossos dias passam vazios e nos deixamos ficar
esquecidos da morte, despercebidos da vida.
renasceremos no inferno?
cachorros?
semi-deuses?
devemos nos tornar monges?
chutar baldes?
ignorar os afetos tanto quanto os desafetos?
A Verdade não nos tem ajudado, muito menos a nossos filhos
A mentira destrói os laços
e a indiferença contagia os moços
Não quero nada
tudo me espanta, tudo me comove
mas e daí?
Do céu ao inferno em questão de segundos,
tudo que posso é tentar sofrer sem sofrer.
Saúda-te
Rios
As tais cavernas...
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