Por uma série de razões, ando pensando sobre a noção de utilidade. Ela é uma velha conhecida da filosofia, que sempre teve de se posicionar frente à acusação de inutilidade. Há mais de dois milênios, não falta quem diga que só importa o que podemos empregar na vida cotidiana, instrumentalizar de modo a conseguir alguma coisa de prático e vantajoso. Filosofia não mata a fome, não erige casas, não conserta a torneira, não extrai edemas, não aquece o corpo... A filosofia – não!
Acontece, contudo, que temos fome para além da comida, buscamos proteção para além das paredes, sentimos dores que não são do corpo, tememos um desamparo que penetra o lar. Basta nos permitirmos uma pausa e rapidamente nos apercebemos que a vida ultrapassa em muito as necessidades imediatas. Para viver bem, é insuficiente ater-se à satisfação dos anseios diretos e urgentes. Que o digam os abonados, senhores do tédio e fastio!
Se o pão, se o tijolo, se o martelo e mesmo o ouro têm valor, seu valor é o de instrumento. Eles nos permitem tocar os dias: são muitos úteis, portanto, mas apenas para pôr ordem na coxia do cotidiano e dar ensejo ao que se passa no palco. O fundamental não são as ferramentas, nem a preparação que antecede a abertura das cortinas. É a peça: a peça sem roteiro, sem marcas e sem direção em que dia a dia se desvela a história de nossos cacos.
Acontece, contudo, que temos fome para além da comida, buscamos proteção para além das paredes, sentimos dores que não são do corpo, tememos um desamparo que penetra o lar. Basta nos permitirmos uma pausa e rapidamente nos apercebemos que a vida ultrapassa em muito as necessidades imediatas. Para viver bem, é insuficiente ater-se à satisfação dos anseios diretos e urgentes. Que o digam os abonados, senhores do tédio e fastio!
Se o pão, se o tijolo, se o martelo e mesmo o ouro têm valor, seu valor é o de instrumento. Eles nos permitem tocar os dias: são muitos úteis, portanto, mas apenas para pôr ordem na coxia do cotidiano e dar ensejo ao que se passa no palco. O fundamental não são as ferramentas, nem a preparação que antecede a abertura das cortinas. É a peça: a peça sem roteiro, sem marcas e sem direção em que dia a dia se desvela a história de nossos cacos.