sábado, 30 de abril de 2011

Ainda o vinho

[Do Lutgarda n.2, de meados de 2000]
Era uma vez um homem que amou desmedidamente uma mulher.
Era a mesma vez uma mulher que amou desmedidamente um homem.
Outra era a vez em que conheceram o tempo.
Outra era a mesma vez em que conheceram o medo do tempo.
Outra era ainda a mesma vez em que mediram o amor pelo tempo.
Era-se a vez em que se amaram desmedidamente.

3 comentários:

  1. hahahaha... ainda bem que existe word!

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  2. Era uma vez um verbo estar
    conjugado no plural
    por duas almas.
    As palavras, como as coisas,
    cedem ao tempo e se esfarelam.
    Amar?
    De verbo a adjetivo, de adjetivo a substantivo etéreo, perdido na memória...
    Agora o estar passa a sós, entre as memórias.
    Passar é o normal:
    pouco fica para além do tempo.
    Sabe-se.
    Mas onde está a minha calma?

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  3. Centauro,

    Me é quase impossível não ler isso por um viés kierkegaardiano. Uma surpresa que quase me reconciliou com o dia.

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